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Enopoemas nasceu por conta deste belo poema "Mulher e vinho" que a minha filha dedicou a mim, no dia internacional da mulher, no ano de 2006.
ENOPOEMAS 08-03-2006


Há outros, que se juntarão a este primeiro, como  "frutado", que seguirá logo abaixo.

Faremos um seleção de autores renomados que também se dedicaram aos enopoemas, tais como Neruda, Baudelaire, bem como de alguns compositores que cantarolam a mesma temática, como Drexler, Peyroux, Caetano, Badi Assad, muitos enoamigos, como Heleno Miranda, entre tantos outros, em breve.

por MARCELA GARCIA FONSECA

"MULHER E VINHO"

Mario Quintana com sua prosa-poética exclamou
Pablo Neruda, nos versos à Matilde, celebrou
às uvas e o vento cantou em todos os cantos
Nicole-Barbe Ponsardin consagrou
A mulher e o vinho
extrema beleza
a beleza e o vinho
agradeçamos à natureza

Ao solo sagrado, às pedras e às santas raízes dos parreirais
às uvas no ponto da colheita
às mãos macias, delicadas e seletas dessas deusas que as escolhem
tamanha maestria
sem igual nesse parreiral

A vida deste que é o sangue da terra
começa com a preparação do solo
sua análise e apreciação vão muito além da degustação
lembremos da verdadeira gestação

Sagrada terra
santa uva
mães deste menino
reina o feminino
e o vinho triunfa

Sob esses vinhedos
Afrodite canta
Dionísio vive deste respirar
o mais belo vinho, recita o deus:

Tem corpo, estrutura, força, aromas enigmáticos
na boca, é salutar ressaltar:
veludo vermelho
rubi encantador

Não há o que contestar:
o vinho se rende à delicadeza e à força da mulher 
ele se revela
se abre
nos beija
acolhe, enternece e aconchega
nos esquenta, acalenta e alegra...
Ele nos apaixona, seduz e cega!

Tal e qual um amante,
nos embeleza, estimula, fortifica

O vinho anima a vida
ilumina os caminhos
invade as mentes
abre as portas
e traz consigo
o amor maternal
uma benção da noite celestial
um prazer que brilha como o sol
espectro de energia sem igual

Marcela Garcia Fonseca
(março 2006)

Todos os direitos autorais reservados. Os poemas aqui publicados estão registrados pela autora na Biblioteca Nacional.

mailto:http//marcelagfonseca@uol.com.br

Marcela Garcia Fonseca

FRUTADO,
lágrimas densas, reflexos violáceos e taninos firmes

Não pude evitar
escrever-te essa noite.
O teu provocar
incita-me,
o teu expressar
desperta-me
para um outro lugar
distante, belo
sem tempo
e me faz aproximar.
Atração natural
pelo belo, vivo, complexo, jovem, persistente:
a estrutura de um vinho pronto para degustar.
No percurso
maduro desse caminhar
luzes se acendem,
lamparinas incendeiam
o ciclo lunar.
Aroma de terra molhada.
Os ventos trouxeram
chuva da madrugada.
Fases aeradas:
eu te giro
a taça me acompanha
a minha cabeça
não te quer interpretar
sentir-te, contudo
beber-te, todavia
quem sabe, decifrar-te
no ato, capturar-te.

Marcela Garcia Fonseca

Todos os direitos autorais reservados. Os poemas aqui publicados estão registrados pela autora na Biblioteca Nacional.

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