Jornalista Fernanda Lopes no Caderno Boa mesa - DEGUSTAÇÃO - F4 - 06/07/2012 A Tribuna
Syrah, uva nobre e longeva, vedete da região Norte do Valle do Rhône (França). É considerada uma uva rústica, mas seu vinho é de uma elegância incomparável.
É a grande casta do Norte do Rhône, entretanto, as suas origens são objeto de discussão. A lenda diz que foi trazida da Pérsia, da cidade de Shiraz, e hoje, como muitos ampelógrafos (especialistas em videiras) afirmam, a syrah pode ser nativa da França.
É uma vitis vinífera bastante produtiva. Precisa ser contida com poda contínua, diminuindo a produtividade da planta, para que se obtenha um fruto concentrado e aromático.
Como resultado dá um vinho exótico. Ele varia do intensamente concentrado e tânico, rubi ou púrpura negros na juventude ao relativamente simples porém sólido e alcoólico de cor intensa, aromas e sabores fortes, de frutas negras, especiarias, e, também, toques tostados de fumaça ou borracha queimada.
É exatamente no Norte do Rhône que a syrah, com seus vinhedos nas encostas íngremes, solos graníticos,se destaca.
As AOCs - Appellation d'Origine Contrlée são: Hermitage (vinho La Chapelle, de Jaboulet), Côte-Rôtie (Marcel Guigal, Chapoutier), Cornas (Auguste Clape, Jean-Luc Colombo), St-Joseph (Chapoutier, Guigal, Jean-Louis Chave) e Crozes-Hermitage (Alain Graillot, Jaboulet, Chapoutier, Jean-Luc Colombo, Domaine du Colombier).
Ao sul do Rhône, a syrah coabita junto a outras castas (grenache, cinsault, mourvèdre muscardi, counoise), como no famoso Châteauneufdu-Pape.
É também bastante cultivada no Languedoc-Roussilon (sul da França), onde, junto com as castas grenache, mourvèdre e carignan, são produzidos vinhos de enorme destaque hoje, e na Provence. Ainda na Europa tem seu destaque em Portugal, Espanha e Itália.
No século XVII, levada para a África do Sul, ganhou o nome de Shiraz e de lá chegou à Austrália, país onde é hoje emblemática.
Aqui, um a parte, eu já apreciava a syrah, mas quando tive a oportunidade de degustar um "Grange 1998" (vinho australiano, produtor Penfolds, considerado o melhor vinho australiano até hoje) na companhia do meu eterno mestre Manoel Beato, ah! Eu me rendi aos fascínios da shiraz... Aquele Grange 98 se mostrou um vinho elegante de cor atijolada intensa. Seus aromas se revelavam após uma hora no decanter e, com o passar dos minutos, frutas negras em compota e muito chocolate perfumaram as taças, um vinho maduro de personalidade inquietante...
