Santé! Anos atrás, aliás, muitos anos, ousei escrever o meu primeiro texto sobre o ilimitado mundo do vinho e o fiz timidamente, na tentativa de ajudar a divulgar e popularizar a bebida, aqui em terras litorâneas.
Hoje, em pleno verão de 2023, houve realmente uma alteração no interesse dos consumidores. O vinho está na mesa de muitos brasileiros, sendo apreciado de norte a sul e de leste a oeste nesse Brasil imenso e intenso. Claro que nas devidas proporções.
Não temos a cultura do vinho arraigada à nossa história, mas a estamos adquirindo. Resultado de muito esforço da nossa indústria brasileira produtora vitivinícola, das centenas de importadoras existentes aqui e, certamente, do marketing que se fez comum em tantos eventos, degustações, associações de enófilos e enólogos, confrarias, redes sociais e cursos em torno do vinho.
Entretanto, ainda que o vinho esteja cada vez mais popular e mais presente na mesa dos brasileiros, a preferência pelos tintos é muito grande. Isso é ruim? Não, tudo bem, desde que não represente um desconhecimento ou até mesmo um preconceito com relação aos vinhos brancos.
Vivemos num país tropical, bonito por natureza e quente, quente mesmo, ainda mais no litoral, então por que não desfrutarmos de um branco refrescante?
Partindo da lógica, os vinhos brancos leves, os espumantes e os rosés seriam os mais indicados para o nosso clima. Como então oferecer um vinho branco aos usuais apreciadores de tinto? Eis a questão! Vamos desvendar esse mistério?
Muitas pessoas recusam um vinho branco por jamais terem experimentado um "vinho branco correto".
Costumo recomendar ao iniciante um vinho branco seco leve, equilibrado e jovem, com leve teor de doçura. Significa que terá a cor amarelo claro (palha), às vezes verdeal, com boa acidez, aromas de flores e/ou frutas cítricas ou mais maduras, e um teor alcoólico de 11º a 13º.
Na Argentina encontramos o vinho da uva Torrontés, nativa de lá, que tem todas essas características. Assim como um autêntico francês alsaciano, um italiano ou um alemão da uva Guewürztraminer, eis o melhor debut para os que ainda não degustaram um delicioso e aromático vinho branco.
Opções secundárias seriam os já afamados brancos das uvas Chardonnay, (típicos da região da Borgonha, na França, mas produzidos em vários terroirs pelo mundo), que em geral tem aromas de maçã, abacaxi em conserva, manteiga e madeira quando estagiam em barricas de carvalho. Os vinhos produzidos com a uva Sauvignon Blanc (originária de Bordeaux e Vale do Loire, na França), tem no maracujá e em outras frutas cítricas, com toques herbáceos, seus aromas mais evidentes.
E como não recomendar o mais fino vinho branco da uva Riesling? Trata-se de uma casta nobre de origem germânica que nos envolve com exclusivos aromas florais, de mel, frutas, minerais e, imagine, petróleo! Seus vinhos espetaculares percorrem um amplo leque, dos mais secos aos doces.
Continuamos com brancos das castas: Chenin Blanc, Sémillon, Viognier, Alvarinho, Verdejo, Vernaccia di San Gimignano, Pinot Grigio, Trebbiano e tantas outras. Todos eles, degustados à temperatura de 7ºC a 10ºC (conservados num balde de gelo) são ideais para beber na praia, na piscina e nos barzinhos à beira mar, com os mais variados quitutes.
Claro que há vinhos brancos com verdadeira alma tinta. São brancos mais encorpados, poderosos, passados em madeira, para serem servidos em climas mais amenos, acompanhando pratos mais densos. Deixo para outra ocasião!
Afinal, no verão, chamam a atenção os vinhos de cor clara, brilhantes como o sol. Indico a seguir três rótulos brasileiros incríveis. Eu vou de branco, e você?
Até a próxima taça!
