Harmonização - Especial Pizza
por Cláudia G. Oliveira
Tem dúvidas de qual vinho combina melhor com a sua pizza preferida?
Confira as dicas de uma sommelière para mandar bem e não ficar limitado apenas aos rótulos tintos
Santé! Tenho visto uma preocupação das pessoas em acertar na escolha do vinho para acompanhar aquela deliciosa pizza do fim de semana. No geral, convencionou-se que os rótulos brancos acompanham aperitivos, entradas, peixes, frutos do mar e carnes brancas. Já os tintos devem ser servidos com molhos, carnes vermelhas e de caça.
Mas... Onde a pizza se encaixa em meio a essas harmonizações?
Bem, depende. Além do queijo, diversos ingredientes podem compô-la. E então, qual vinho devemos escolher para beber junto com aquela combinação de sabores? Um branco, rosé, tinto ou até mesmo um espumante?
As regras convencionadas nos ajudam, no entanto generalizar não cabe mais na enogastronomia do mundo globalizado de hoje em dia. Afinal, a diversidade de estilos de vinhos, dos brancos aos tintos, é imensa.
Os brancos costumam ser mais leves e frescos do que os tintos, mas alguns enólogos mais arrojados, junto com a tendência de resgatar métodos de vinificações ancestrais, têm produzido brancos mais concentrados e encorpados, e ainda, em contrapartida, tintos mais frutados e sutis.
Como amanhã é comemorado o Dia da Pizza, quero dar as dicas de harmonização a seguir para você, querido leitor.
Se você é do tipo tradicional, aquela pessoa que costuma pedir uma muçarela, margherita ou calabresa (sem ser picante), pode apostar em um vinho tinto seco jovem de boa acidez, pouco corpo e taninos delicados. Uma ótima pedida é o famoso Chianti, da uva Sangiovese.
Há outras opções, como um Merlot do Novo Mundo, um Cabernet Franc ou um Nero D’Avola. Mas, se alguém na roda prefereir um branco, que seja seco, bem fresco, com boa acidez da uva Sauvignon Blanc ou Chardonnay.
Agora, se a pizza for de calabresa apimentada, sugiro um Shiraz australiano, que sempre segura o picante. Já se você preferir um branco, vá de Torrontés ou Gewürztraminer, a doçura dessas castas vai contrapor a picância desse embutido.
Da portuguesa à vegetariana
A sempre pedida pizza portuguesa, que leva ovos (ingrediente difícil de harmonizar), fica genial com um branco bastante seco e mineral, com toque salgado. Pode ser um Jerez Fino ou até o vinho laranja (aquele de cor dourada cuja maceração é longa e permanece até a fermentação), já que ele é um rótulo branco de alma tinta, poderoso!
A pizza de aliche fica mais gostosa quando é degustada com um branco Alvarinho ou até um espumante Brut. Mas se você preferir, pode ousar com um rosé ou um tinto leve de Gamay.
As redondas vegetarianas de abobrinha e rúcula vão bem com um vinho mais herbáceo e jovem como os brancos Pinot Grigio e Sauvignon Blanc. Mas, se o seu gosto puxar para um tinto, ainda mais com esse friozinho, eleja um assemblage do Valle do Rhône, que tem a composição de Grenache, Syrah e Mourvèdre.
Os orgânicos, biodinâmicos e naturais são muito bem-vindos!
"Generalizar não cabe mais na enogastronimia do mundo globalizado de hoje em dia"
Mais combinações
Harmonize a saborosa pizza de alho com um vinho rosé, como fazem os provençais! Tradição da região da Provence, na França, a combinação é parte da história desse povo. Combine o rosé também com a redonda de atum, pois esse é um peixe de sabor forte, que merece um rótulo com um pouco de tanino e muito frescor.
A pizza de quatro queijos é intensamente gordurosa e vai superbem com um espumante Nature ou Brut – as borbulhas desse rótulo neutralizam a gordura do queijo. Mas, se você não resiste a um tinto com essa redonda, peça um da uva Dolcetto ou Barbera.
A exótica pizza de alcachofra é resistente a muitas combinações, uma vez que deixa certo amargor no retrogosto. Tente um branco varietal de Chenin Blanc ou um espumante mais adocicado, como o Demi-Sec ou o Moscatel, e me diga o que achou!
Ah, e não se iniba, peça sempre um help ao sommelier do restaurante. Bom apetite e aproveite a pizza com o seu vinho preferido!
Claudia G. Oliveira
* colaboradora, sommelière e responsável pela coluna Momento DiVino, do caderno Boa Mesa, de A Tribuna.
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